quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

CAP I

Ternurinha  não era o nome dela, mas sim o nome que denominei a ela.
Essa denominação lhe vestia muito bem.
Certa dia a peguei pensando na vida, estava longe ...
Passava ali em suas veias toda a melodia de uma nada fácil vida, tinha sons de chorinho saindo da vitrola.
Vi naquele instante os cílios da menina se agarrarem nas pálpebras e cortando as suas lágrimas em fatias.
Quem ali por perto vivia tratavam a todos daquele lar com forma arredia
Como se fossem uma escolha de vida ter essa nada mole vida.
Certa vez presenciei uma tia dela  acusando Ternurinha de ter pego um brinquedo de outro primo, ela tímida não se defendeu levou a culpa e engoliu a mágoa. Foi uma vida inteira se calando de acusações incertas,
Naqueles laços de sangue em que convivia sempre prevalecia os que tinham poder e “ai “dela se abrisse sua boca para se defender, “ai “dela!
Com o passar dos anos a cicatriz fez uma ponte sobre a ferida, porque feridas abertas são como abismos por dentro, E ela aprendeu a cantar todas as palavras que aqueles silêncio a engoliu.

Dai nasceu minha simpatia pela menina Ternurinha.


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